Autor: José da Cruz Santos (org.)
Editora: Edições Asa
Peso: 550 g
Prefácio de Luís Miguel Queirós. "Num depoimento prestado à imprensa a pretexto da atribuição do Prémio Camões, Eugénio de Andrade reconhece que muitos dos textos que lhe foram sendo dedicados focam aspectos importantes da sua obra, e alerta apenas para a possibilidade de existirem, nos livros mais recentes, algumas novas direcções que podem baralhar o jogo.
É bem possível que tenha razão neste último ponto. Entre os autores que mais cedo lhe reconheceram o talento contam-se nomes que quase tornariam dispensáveis quaisquer confirmações suplementares: Vitorino Nemésio e Jorge de Sena, Óscar Lopes e Eduardo Lourenço. Hoje, 57 anos decorridos sobre a publicação do seu livro de estreia (se descontarmos os que rejeitou), quase não se encontra em Portugal um ensaísta literário de relevo que não tenha procurado responder ao desafio colocado por estes poemas. Algo que, à primeira vista, não deixa de surpreender, já que está longe de ser evidente o que é que, na poesia de Eugénio, espicaça com uma tal insistência o engenho de sucessivas gerações de críticos. Não se dividiu em heterónimos, não cultiva labirintos, não rompeu ostensivamente com tradição nenhuma, nem sequer fornece pasto especialmente apetecível, tendo em conta os costumes da época, para a busca de ocultas intertextualidades. Mesmo as suas influências, com o significado que o termo possa ter quando falamos de grandes poetas, são demasiado claras para que se torne exultante o trabalho de as desocultar. E, de resto, seria tarde para o fazer, já que ele próprio há muito as assumiu: os cancioneiros medievais, Pessanha, Rilke, a geração espanhola de 27, para referir apenas algumas das essenciais. Ou ainda Pessoa, claro, já que uma tão exemplar rasura só pode ser da ordem da influência."
INDISPONÍVEL
